quarta-feira, outubro 24

Brasil vira plataforma de lançamento de carros


Brasil vira plataforma de lançamento de carros Salão de São Paulo/Divulgação

Confira galeria de fotos do Salão de Automóvel de São PauloFoto: Zero Horagaleria de fot
 A efervescência do quarto maior mercado de carros do mundo turbinou o Salão do Automóvel de São Paulo, que abre nesta quarta-feira para o público. A importância que o Brasil ganhou para a indústria nos últimos anos, enquanto o consumidor das nações desenvolvidas se encolheu, atraiu mais montadoras, lançamentos e destaque para o país na mostra, desta vez em sua edição mais internacional.Como reflexo da relevância, o salão recebe pela primeira vez chefes mundiais de companhias líderes, como Martin Winterkorn, da Volkswagen, e Dan Akerson, da General Motors (GM), enquanto nos estandes as equipes se esforçam para propagandear as qualidades de engenharia e design dos carros expostos. E a indústria promete pisar fundo. Devido ao crescimento da renda da população e às novas vantagens apresentadas no início do mês pelo governo federal, até 2015 o país receberá uma carreata de investimentos superior ao que há pouco se previa.A estimativa do presidente da Associação Nacional de Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), Cledorvino Belini, é que, nos próximos três anos, os aportes da indústria no país cheguem a R$ 60 bilhões. À projeção anterior, de R$ 44 bilhões, foram somados investimentos impulsionados pelos estímulos tributários para que montadoras apliquem mais em tecnologia e engenharia e pela chegada de novas fabricantes.Como o novo regime automotivo também promove um corte no IPI para montadoras com intenção de se instalar no país, projetos negociados, mas pendentes, como o da BMW em Santa Catarina e da JAC Motors na Bahia, vão deslanchar. Ato contínuo, executivos de montadoras sem unidades no Brasil que estão em São Paulo admitem análises para erguer fábricas no país. Entre elas, ícones como Mercedes-Benz e Audi – que já tiveram produção local.Para Rodrigo Baggi, analista do setor da Tendências Consultoria, a produção de automóveis e comerciais leves no país neste ano ainda terá um crescimento tímido, mas voltará a ser recorde. Chegará a 3,2 milhões de unidades, alta de 2% sobre 2011, afetada pelos efeitos da crise mundial nas vendas, o que elevou estoques no início do ano. Em 2013, no entanto, a produção tende a acelerar e aumentar 7%.– Até 2015, a taxa média anual de crescimento será de 6%, enquanto de 2008 a 2011 foi de 4,3% – calcula Baggi.Nas vendas, cenário semelhante. Para 2012, a estimativa é de 3,7 milhões de unidades, aumento de 8% sobre o ano passado. Até 2015, o crescimento médio do mercado também será de 6%, diz o analista.A indústria acelera ainda para uma mudança de perfil a reboque do novo regime automotivo e ingresso de marcas de luxo, avalia Milad Kalume Neto, gerente no Brasil da consultoria Jato. Em um movimento típico de países de renda ascendente, os veículos médios já apresentam uma evolução de vendas superior aos compactos. Com a sofisticação, os automóveis brasileiros também podem entrar nos Estados Unidos e na Europa.– Com o avanço tecnológico, o Brasil competirá mais nos segmentos médios e populares no primeiro mundo – diz Kalume Neto.Para o analista, o novo regime automotivo é como se o Brasil iniciasse uma fase 2 do processo iniciado no governo Fernando Collor de Mello. Na época, em 1990, o ex-presidente chamou os carros nacionais de carroças e forçou uma modernização ao abrir o mercado para os importados.A necessidade de acompanhar as tendências e atender ao que o consumidor deseja são grandes desafios do setor automotivo. A evolução constante não se restringe apenas ao gosto do comprador. Procura também satisfazer o comportamento atual da sociedade: a sustentabilidade. A entrada de jovens no mercado de consumo com seus hábitos e costumes ousados provoca uma onda de investimentos. Marcas tradicionais, conhecidas pelo seu público conservador, não resistiram e fazem mudanças. Os principais exemplos são da japonesa Toyota, acostumada com clientes na faixa acima dos 40 anos, que luta para baixar a idade média de seus consumidores. Aqui, por exemplo, a nipônica recorreu ao Etios.A alemã Mercedes, que perde mercado na Europa, além de ser reconhecida pelos carros esportivos e de luxo, recorreu a modelos compactos para serem os primeiros veículos do jovem ou o segundo ou terceiro da família. O lançamento do Classe B em São Paulo justifica a ânsia da marca de recuperar o mercado que perdeu pelo aumento do IPI. Com um modelo menor, mais barato, espera até 2015 retornar ao volume das 10 mil unidades que vendeu em 2011.A necessidade de redução do consumo de combustível e das emissões sem comprometer a potência é outra tendência. A maioria dos fabricantes mostra em São Paulo modelos equipados com motores mais potentes e econômicos, caso da Peugeot, Renault, Volkswagen e General Motors.*Com agências de notíciasO movimento das montadorasAudiConcorrente no segmento luxo da BMW e Mercedes-Benz, a Audi — pertencente à Volkswagen — analisa voltar a produzir no Brasil. Uma opção seria unidade em São José dos Pinhais, onde montou o A3 até 2006.BMWAnunciou fábrica em Santa Catarina. A primeira etapa do projeto receberá aporte de 200 milhões de euros (R$ 530 milhões), deve estar concluída no fim de 2014 e ter potencial para 30 mil carros por ano.CheryA montadora chinesa vai construir uma fábrica em São Paulo, investimento de US$ 400 milhões. Na primeira fase, que deve estar concluído em 2013, a capacidade será de 50 mil automóveis por ano.FordSoma investimentos que totalizarão R$ 4,5 bilhões até 2015. Cerca de R$ 800 milhões vão para a montadora em São Bernardo do Campo (SP) e outros R$ 500 milhões para a planta de motores e transmissões de Taubaté (SP).GMEstá por definir novo planejamento quinquenal de investimentos de 2013 a 2018. O valor deve ficar próximo aos R$ 5 bilhões do plano anterior.JAC MotorsA fabricante chinesa pretende investir R$ 900 milhões em fábrica na Bahia. Unidade ficará pronta em 2014 e terá capacidade para 100 mil veículos por ano.Land RoverMarca britânica controlada pelo grupo indiano Tata Motors também admite a possibilidade de investir no Brasil. Em 2005, deixou de produzir o jipe Defender em São Bernardo do Campo (SP).Mercedes-BenzAté o final do primeiro semestre do próximo ano, a marca alemã de automóveis de luxo define se também investe em produção no Brasil. A empresa já produziu o Classe A em Minas Gerais.NissanA japonesa foi a primeira a aderir ao novo regime automotivo brasileiro. No ano passado, anunciou a construção de uma fábrica em Rezende (RJ). Com R$ 2,6 bilhões aplicados, vai produzir 200 mil veículos ano a partir de 2014.KiaA montadora sul-coreana confirmou nesta terça-feira que também estuda uma planta no Brasil. Não há indicação de local ou investimento, mas a produção seria de pelo menos 100 mil veículos por ano.Peugeot-CitroënA francesa Peugeot-Citroën é outra que em 2011 anunciou investimentos até 2015. Serão R$ 3,7 bilhões. A unidade em Porto Real (RJ) terá capacidade duplicada para 300 mil veículos por ano.RenaultA companhia francesa programou ano passado aplicar R$ 1,5 bilhão no Brasil até 2015 para ampliar fábricas, lançar produtos e abocanhar participação de mercado.SSangyoung, Changan e HaimaUma unidade em Linhares (ES) deve produzir automóveis das três marcas chinesas. O investimento inicial é de US$ 300 milhões feito pela Fábrica Brasileira de Automóveis (Fabral). A produção começaria em 2014 com 10 mil unidades/ano e, cinco anos depois, alcançaria 50 mil veículos/ano.SuzukiA montadora japonesa anunciou na terça-feira a produção do primeiro veículo no país. O utilitário de pequeno porte Jimny deve começar a ser produzido na unidade da Mitsubishi em Catalão (GO). O investimento é de R$ 150 milhões.Volkswagen Há seis décadas no país, a empresa anunciou pacote de R$ 750 milhões para ampliar a capacidade das fábricas de carros, em São José dos Campos, e de motores, em Taubaté, ambas em São Paulo.
ZERO HORA

Nenhum comentário:

Postar um comentário