quarta-feira, outubro 24

Inspirados em Mário Quintana, alunos lançam livro de poesia no RS



João Raphael e Fernando Santos estão entre os alunos com poesias publicadas (Foto: Tatiana Lopes/G1)A sensação de escrever e publicar uma poesia em um livro, distribuir autógrafos e participar de outras atividades artísticas na escola levou o aluno Fernando da Silva Santos, de 10 anos, a mudar de ideia até na profissão que deseja seguir: “Eu queria ser paleontólogo, porque gosto de dinossauros, mas agora quero ser escritor”, diz o estudante do 4º ano do Colégio Pão dos Pobres, de Porto Alegre.
Fernando Santos diz que quer ser escritor após fazer poesia para o livro (Foto: Tatiana Lopes/G1)Fernando Santos diz que quer ser escritor após fazer poesia
para o livro (Foto: Tatiana Lopes/G1)
No projeto criado há cerca de três meses dentro de sala de aula, após debate entre os alunos e a professora, o colégio lançou no último dia 18 de outubro um livro reunindo poesias de 23 estudantes entre 9 e 10 anos. Com direito a coquetel e sessão de autógrafos, o dia inesquecível ainda dá o que falar nos corredores da escola. “Foi muito legal, foi muita emoção, deu um choque!”, revelou Fernando ainda em êxtase por colocar sua primeira assinatura nas páginas de um livro.
Envolver os alunos, aguçar a criatividade, o gosto pela leitura e escrita, usar outras matérias no projeto, como matemática, artes e informática, e aproximar mais os pais da escola, estavam entre as metas. Na avaliação da professora Évelin Albert e da coordenadora Vanderleia Conrad, elas foram atingidas.
Ao lado de Fernando, João Raphael, de 9 anos, também comentou que o gosto pela leitura aumentou depois do lançamento do livro. “Foi muito legal, a gente aprendeu a ler e a escrever mais. E aprendemos mais também sobre o Mário Quintana”, disse.
Além da publicação, os alunos fizeram um passeio na Casa de Cultura Mário Quintana, na capital gaúcha, para aprender mais sobre a história do escritor. O livro de poesias, que recebeu o nome “Brincando com Poesia”, foi publicado sem custos pela Editora FTD. Com a doação dos pais, eles conseguiram fazer o evento de lançamento e o passeio cultural.
“Tudo começou com a professora nova, que pegou a turma em andamento”, conta a coordenadora Vanderleia. “Um dia cheguei e questionei eles sobre o que gostariam de estudar. Surgiram comentários sobre Picasso, Monteiro Lobato, Mário Quintana e outros. Em uma votação ganhou o Mário Quintana, com 12 votos”, lembra a professora, que também é pedagoga.
Alunos também confeccionaram boneco de Mário Quintana (Foto: Tatiana Lopes/G1)Alunos também confeccionaram boneco de Mário
Quintana (Foto: Tatiana Lopes/G1)
Durante três meses os alunos leram obras do escritor, pesquisaram sobre a vida dele e criaram suas próprias poesias. No laboratório de informática, eles mesmos criaram as ilustrações de cada página. “Foram eles que pediram para fazer um livro”, disse a professora. Até um boneco do Mário Quintana foi confeccionado com material reciclado e exposto no pátio da escola.
“Eles se inspiraram em várias obras. E agora estão estudando o Pé de Pilão, também do Mário Quintana. E dessa vez já pediram para fazer uma peça de teatro”, contou Évelin, que logo que começou a dar aulas para a turma percebeu o lado artístico dos alunos.
O Colégio La Salle Pão dos Pobres é privado, mas também trabalha com bolsas de filantropia integrais e de 50%. Os alunos estudam sem distinção nas salas de aula. Segundo a coordenadora Vanderleia, as informações sobre os estudantes bolsistas nem chegam aos professores.
“O projeto foi também uma estratégia de ensino, até para estimular mais os alunos. E os pais acompanharam bastante os filhos”, ressaltou a coordenadora.
Coordenadora pedagógica e professora participaram do projeto (Foto: Tatiana Lopes/G1)Coordenadora pedagógica e professora participaram
do projeto (Foto: Tatiana Lopes/G1)
Mais projetos
O colégio se apoia em outros projetos para manter os alunos focados nos estudos. Um deles é o Projeto Pipa (Projeto Interdisciplinar de Pesquisa e Aprendizagem), entre o 6º e o 8º ano. As turmas são misturadas e grupos são formados para os trabalhos.
“Os alunos fazem três perguntas sobre assuntos variados, sobre o que eles têm curiosidade de saber. Ao longo do projeto eles pesquisam para encontrar respostas e, no final, apresentam a uma banca com professores e alunos”, explicou Vanderleia.
Para esse projeto, a escola recebeu R$ 10 mil da Fundação La Salle, que atende a escolas da rede em todo o país. “Fomos um dos escolhidos, agora vamos investir mais nesse projeto”, disse a coordenadora.
“Muitas vezes o atrativo aos alunos vem de fora da sala de aula, e com esses projetos pretendemos chamar o aluno para dentro da escola”, completou.
G1 RS

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